segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Alegria, música e denucias marcam abertura da Conferência

A abertura da I Conferência Nacional da Pesca Artesanal foi marcada pela alegria das apresentações das caravanas. Os representantes do Piauí, Pará, Ceará, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraná, Rio de Janeiro e Amapá, em meio às cantorias e verdadeiras histórias de pescador, apresentaram símbolos que lembram a atividade pesqueira nos estados.

“Essa é oportunidade de dizer ao governo do que precisamos. Dizer que agente existe e precisa não de migalha, mas de uma parcela justa”, disse Paulo César, pescador e quilombola da Bahia.

Após as apresentações, foi formada a mesa de abertura da Conferência. Composta por seis lideranças de pescadores artesanais, das cinco regiões do país, pelo professor Angelo Brás Callou, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), e por Marina dos Santos, da Coordenação Nacional do MST, representando a Via Campesina. “Nós pescadores e camponeses temos o mesmo inimigo nesse modelo de desenvolvimento que privilegia e dá melhores condições para o agro e hidronegócio”, afirmou Marina.

“Eu tenho certeza que estão muito felizes aqueles companheiros que há mais de vinte anos começaram a lutar pelos nossos problemas”, afirmou José Roberto, da coordenação do Movimento Nacional dos Pescadores (Monape).

Os membros da mesa focaram seus discursos na importância de elucidar e discutir os atuais problemas enfrentados pelos trabalhadores do setor artesanal. Foram levantadas questões relacionadas ao meio ambiente, políticas públicas, assuntos previdenciários e culturais. Maria das Neves, pescadora do município de Lagoa do Carro (PE), e uma das representantes da Articulação Nacional das Pescadoras (ANP), ressaltou a alegria em participar pela primeira vez de uma “plenária onde a maioria das pessoas presentes são pescadores e pessoas realmente preocupadas em dar voz aos trabalhadores artesanais”.

Nota de apoio a I Conferencia Nacional dos Pescadores Artesanais do Brasil

A I Conferencia dos Pescadores Artesanais têm o significado político importante dentro da atual conjuntura que estamos vivendo, pelo fato dos pescadores e pescadoras, ribeirinhos das lagoas e dos mares, estarem se afirmando como protagonistas de uma grande luta juntamente com os demais movimentos da Via Campesina contra o hidronegocio.
Uma das grandes lutas dos pescadores e das pescadoras artesanais vem se afirmando no sentido de contrapor a lógica perversa das colônias de pesca criadas e impostas pelo governo, além desta grande luta contra a forma como a marinha age dentro das colônias.
Centenas de comunidades pesqueiras estão sendo vítimas da presença violenta de grandes empresas que estão se apropriando de suas áreas para a criação da piscicultura e carcinocultura, a exemplo da Netuno no Baixo São Francisco.
Por isso apoiamos esta conferência no sentido de fortalecer as comunidades tradicionais pesqueiras para que possam continuar garantindo o controle dos territórios e continuar produzindo nosso alimento: peixe, macaxeira, amendoim, remédios, etc.
Sendo parceiro desta luta, o Movimento dos Pequenos Agricultores deseja que esta conferência seja um marco na construção de um projeto rumo a uma sociedade soberana e livre de todas as amarras do capital.

Brasília, 25 de setembro de 2009.

Coordenação Nacional do MPA.

ORGANIZAR. PRODUZIR. ALIMENTAR.

Inicia I Conferência da Pesca Artesanal




Montagem das tendas de alojamento, circo para as grandes plenárias, cozinhas, banheiros e áreas, além das reuniões das comissões de trabalhos e entrevista coletiva marcam o início da I Conferência da Pesca Artesanal, que acontece no estacionamento do estádio Mané Garrincha, em Brasília, até o dia 30 de setembro.“Nós estamos aqui para que as políticas públicas para a pesca artesanal aconteçam na prática, para nós mulheres e para nossas famílias. Queremos dar visibilidade para nosso trabalho e nossa luta”, disse Martilene Rodrigues, da Articulação Nacional das Pescadoras. “São mais de 750 mil pescadores artesanais responsáveis por mais de 65% da produção dos pescados no Brasil, mas as políticas públicas tratam a categoria como se ela não existisse”, complementou Laurineide Santana, do Conselho Pastoral dos Pescadores.