quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pescadores recebidos por ministro reivindicam políticas públicas para pesca artesanal




Ministro transfere responsabilidade das questões sobre a pesca para Conselho Nacional e se compromete em agendar encontro com Lula

Ato público e audiência com o ministro da pesca e aqüicultura, Altemir Gregolim, marcaram as atividades de hoje (30), o último dia da I Conferência Nacional da Pesca Artesanal. O evento começou segunda-feira, dia 28, em forma de um grande acampamento no estacionamento do estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF).

Amanhecia o dia quando os participantes do evento começaram a organizar as atividades. Em clima festivo, saíram em caminhada, passaram pela esplanada dos ministérios e no espelho d’água em frente ao Congresso Federal jogaram uma ‘tarrafa’ (objeto utilizado na pescaria) e um artesanato em formato de peixe. Depois seguiram até o Ministério da Pesca e Aqüicultura (MPA), onde permaneceram no rol de entrada até uma comissão, formada por seis pessoas, ser atendida pelo ministro, por volta das 14h.

Gregolim se comprometeu em agendar audiência com o presidente Lula, dentro de 15 dias. Disse que a Conferência organizada pelos pescadores artesanais é legítima e transferiu a responsabilidade de parte dos problemas da pesca artesanal para o Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca (Conape).

Afirmou ainda que o Conape não tem conseguido consolidar políticas para a pesca e que este teria decidido os critérios e metodologia da 3ª Conferência Nacional de Aquicultura e Pesca, organizada pelo MPA e que, segundo os pescadores artesanais, privilegia a aquicultura e a pesca industrial.

“Estamos num país democrático chamado Brasil, os pescadores têm o direito de se organizar da forma que quiser. Esse ministério mandou três pessoas nos estados, inclusive na minha casa, para desarticular a nossa Conferência com dinheiro público”, desabafou o pescador Antônio Aquino, do Piauí, sobre as estratégias utilizadas por representantes do MPA para que a atividade dos pescadores artesanais não acontecesse.

Carlos Alberto, do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais, disse que aconteceram coisas semelhantes ao período da ditadura com um “processo de intimidações e ameaças à organização dos pescadores”.

A comissão decidiu então entregar o documento consolidado com as propostas da categoria ao ministro apenas na presença de Lula, como uma forma de garantia do compromisso. “Nós estamos aqui para isso, para dar nossa cara ao ministério, a cara do pescador artesanal”, disse Carlos Alberto.